ESTUDANTE PARAENSE GANHA PRÊMIO JOVEM CIENTISTA

Qui, 20 de Novembro de 2013
Rapaz de 17 anos trnsforma caroço de açaí em carvão que purifica a água
BRASÍLIA
RAFAEL QUERRER
Da Sucursal
O Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) anunciou ontem, em Brasília, os vencedores do 27º Prêmio Jovem Cientista. De Moju, município localizado na região Nordeste do Estado do Pará, Edivan Nascimento (17 anos) recebeu as congratulações da instituição por ter desenvolvido o melhor trabalho científico entre os inscritos na categoria "Estudante do Ensino Médio". Sob a temática "Água: desafios da sociedade", o jovem paraense trabalhou em uma pesquisa sobre a transformação do caroço do açaí em um tipo de carvão capaz de filtrar e purificar a água, tornando-a apropriada para o consumo. "Trabalhei com a intenção principal de ajudar a população do meu município. O prêmio enalteceu mais ainda a minha pesquisa", disse. Edivan receberá um notebook das mãos da presidenta da República, Dilma Rousseff, na cerimônia oficial de premiação, em dezembro.
De acordo com o estudante, os bairros da periferia e das regiões ribeirinhas do município de Moju, no Pará, não possuem tratamento de água adequado e o consumo é feito diretamente nas torneiras. Com o objetivo de melhorar a qualidade de vida da população, que constantemente sofre com doenças relacionadas à falta desse serviço, o pesquisador paraense resolveu aproveitar o caroço do açaí de forma sustentável. Ao mesmo tempo em que arranjou uma solução para a purificação da água, também achou uma forma de eliminar o caroço do açaí das ruas do município, onde provoca sujeira, mau cheiro e foco de doenças. O trabalho foi orientado pelo professor de física e química da Escola Estadual de Ensino Médio Professora Ernestina Pereira Maia, Valdemar Carneiro Rodrigues Júnior.
O estudo partiu da constatação de um problema: depois de realizar uma pesquisa nos bairros periféricos do município onde vive - cem pessoas foram ouvidas -, o estudante verificou que 40% dos moradores ingerem água direto da torneira, embora o processo de filtragem realizado pela rede de tratamento não a torne potável. A outra parcela da população faz algum tratamento e, desta, 80% faz filtragem simples (coar a água da torneira com um pano), 18% aplica cloro e 2% ferve a água - modo mais eficiente de retirar as impurezas da água. A pesquisa revela também que 64% das pessoas afirmaram ter contraído alguma doença transmitida pela água não tratada e 57% desse percentual contraiu diarreia infecciosa, seguida de verminoses, cólera, leptospirose e hepatite. Grande parte dos entrevistados relatou consumir água com cor, odor ou gosto, confirmando que o líquido não é potável.
O caroço de açaí foi escolhido como matéria-prima da pesquisa por causa de sua abundância na região - o Pará é um dos líderes na produção da fruta com aproximadamente 200 toneladas por mês e gera anualmente 93.521 toneladas de caroços. Além de ser um material orgânico rico em carbono, apropriado para a produção de carvão, o caroço do açaí é um resíduo desperdiçado que, nas quantidades atuais, pode se tornar um problema ambiental para o estado. "Descobri as propriedades do carvão durante diversas pesquisas realizadas na biblioteca da Secretaria Municipal de Meio Ambiente, onde também encontrei livros específicos sobre o caroço do açaí. A partir dessa descoberta, desenvolvi o experimento", conta Edivan.
Fonte: ORM

Nenhum comentário:

Postar um comentário