Dom, 14 de Junho de 2013
Rio, 16 (AE) - A Polícia Militar atacou com bombas de efeito moral e gás
lacrimogêneo as cerca de mil pessoas que protestavam nas imediações do Maracanã
antes e durante o jogo entre México e Itália, neste domingo, pela Copa das
Confederações. A manifestação, que era pacífica, transformou-se em um tumulto
que afetou até mesmo torcedores que chegavam ao estádio. Os participantes do
protesto foram contidos a 700 metros da entrada principal.
A névoa enfumaçada que se formou no entorno do Maracanã fez com que
centenas de pessoas passassem mal, com crises de tosse, lágrimas nos olhos e
dificuldades para respirar. Asmática, uma jovem manifestante teve que ser
socorrida pelos colegas. Até policiais reclamavam dos efeitos dos explosivos.
Os manifestantes começaram a se
concentrar às 14 horas na estação São Cristóvão do metrô, uma das três que dão
acesso ao estádio. Pouco antes das 15 horas, eles tentaram subir o viaduto
Oduvaldo Cozzi, que dá acesso ao portão da estátua do Bellini. Eles foram
impedidos pela PM, que só permitia a passagem de pessoas com ingressos ou
credenciais para o jogo
O grupo tentou seguir pela vizinha rua General Canabarro, mas foi mais
uma vez impedido. Às 15h20, o Batalhão de Choque da PM apareceu, com
profissionais da Força Nacional de Segurança na retaguarda. Foi quando um
policial borrifou spray de pimenta na nuca de um manifestante. Em seguida, os
PMs do Choque começaram a lançar as bombas. Manifestantes, jornalistas e torcedores
correram, na tentativa de se proteger. A manifestação se dispersou
momentaneamente.
O torcedor Dejair Freitas, de 28 anos, saiu da estação no momento em que
os manifestantes foram atacados pela PM. 'Uma das bombas quase me atingiu. Foi
por muito pouco. Ela caiu ao meu lado, mas ainda assim veja como estou', disse,
apontando para os olhos vermelhos e lacrimejantes.
Na sequência dos acontecimentos, cerca de 500 manifestantes
reagruparam-se, sentando no asfalto, no acesso à Quinta da Boavista. Eles cantavam
o Hino Nacional quando foram novamente atacados pela PM, que atiraram mais
bombas. Os policiais alegaram que precisavam desocupar a via pública,
parcialmente interditada pelos manifestantes. Na confusão, a estação do metrô
foi fechada.
Ao final do tumulto, a PM contabilizava pelo menos seis manifestantes
detidos para averiguação de antecedentes. Eles foram levados para a delegacia
da área, a 18.ª, na Praça da Bandeira (zona norte). Até a conclusão desta
edição, a Polícia Civil não sabia se os detidos seriam liberados ou
permaneceriam na delegacia.
No Maracanã para assistir o jogo, o ministro do Esporte, Aldo Rebelo,
não quis opinar sobre os protestos do Rio de Janeiro e de Brasília, na véspera,
antes da vitória do Brasil sobre o Japão. 'Quero ver o conjunto da obra
primeiro, para depois opinar. Não vi nada, estava aqui dentro', afirmou.
O estudante Daniel Batista, um dos organizadores da manifestação,
considerou arbitrária a ação policial, pois o protesto transcorria de maneira
pacífica. 'Desde o princípio fizemos tudo certo. Entregamos ofício ao 4.º
Batalhão da PM. O tempo todo negociamos, mas não houve diálogo. Cercaram os
manifestantes. Fomos encurralados, quando a polícia deveria nos proteger',
afirmou Batista.
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