O estudo - que,
ressaltam os cientistas, ainda é uma hipótese - é resultado de uma colaboração
entre pesquisadores italianos, americanos e indianos.
Para chegar a essas
conclusões, os estudiosos combinaram equações da teoria da relatividade geral,
desenvolvida por Albert Einstein, com um mapa detalhado da distribuição de
matéria escura (que representa a maior parte da matéria existente no Universo)
na Via Láctea.
"Se unirmos o mapa
da matéria escura na Via Láctea com o modelo mais recente do Big Bang para
explicar o Universo e teorizarmos a existência de túneis de espaço-tempo, o que
obtemos é (a teoria) de que nossa galáxia pode realmente conter um desses
túneis e ele pode ser do mesmo tamanho da própria galáxia", disse Paolo
Salucci, um dos autores do estudo e astrofísico da Escola Internacional de
Estudos Avançados de Trieste (Sissa, na sigla em italiano).
"Poderíamos até
viajar por esse túnel, já que, com base em cálculos, ele seria navegável. Assim
como o visto recentemente no filme Interestelar."
Ainda que túneis desse
tipo tenham ganhado popularidade recentemente com o filme de ficção científica,
eles já chamam a atenção de astrofísicos há muito tempo, explica comunicado do
Sissa.
Salucci afirmou não ser
possível dizer com absoluta certeza que a Via Láctea é igual a um buraco de
minhoca, "mas simplesmente que, segundo modelos teóricos, essa hipótese é
possível".
O cientista explicou
que, em teoria, seria possível comprovar essa hipótese fazendo uma comparação
entre duas galáxias - aquela à qual pertencemos e outra parecida. "Mas
ainda estamos muito longe de qualquer possibilidade real de fazer tal
comparação."
Matéria escura
Estudos prévios já
haviam demonstrado a possível existência desses buracos de minhoca em outras
regiões galáticas. Segundo o estudo do Sissa, os resultados obtidos agora
"são um importante complemento aos resultados prévios, confirmando a
possível existência dos buracos de minhoca na maioria das galáxias
espirais".
O estudo também reflete
sobre a matéria escura, um dos grandes mistérios da astrofísica moderna. Essa
matéria não pode ser vista diretamente com telescópios; tampouco emite ou
absorve luz ou radiação eletromagnética em níveis significativos. Mas a
misteriosa substância compõe 85% do universo.
Salucci lembra que há
tempos os cientistas tentam explicar a matéria escura por meio de hipóteses
sobre a existência de uma partícula específica, o neutralino - o qual, porém,
nunca foi identificado pelo CERN (Organização Europeia para a Pesquisa Nuclear,
que pesquisa o Bóson de Higgs, a chamada "partícula de Deus") ou
observado no Universo. Mas há teorias alternativas que não se baseiam nessa
partícula.
"Talvez a matéria
escura seja uma 'outra dimensão', talvez um grande sistema de transporte
galático. Em todo o caso, realmente precisamos começar a nos perguntar o que
ela é."
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