O matemático John Nash morreu neste sábado (23), aos 86
anos, em um acidente de táxi em Nova Jersey, nos EUA. Nash é vencedor do Prêmio
Nobel de Economia e teve sua vida retratada nos cinemas no filme "Uma
Mente Brilhante".
Nash estava no carro com sua mulher, Alicia, 82, que
também morreu. Segundo o sargento Gregory Williams, porta-voz da polícia de
Nova Jersey, o motorista do táxi que levava o casal perdeu o controle do
veículo ao tentar ultrapassar outro carro em uma estrada e colidiu contra uma
barreira de segurança.
Williams disse ainda que Nash e Alicia foram ejetados
do carro e morreram no local. Os motoristas do táxi e do outro veículo foram
resgatados e não correm risco de morte. Ele disse que não há uma acusação criminal
até o momento.
DESCOBERTAS E A ESQUIZOFRENIA
Nash nasceu em 13 de junho de 1928, em Bluefield, na
Virgínia Ocidental. Seu pai era engenheiro elétrico e sua mãe, uma professora
de inglês de colégio que abandonou a carreira após o casamento. Ele tem uma
irmã, Martha, de 85 anos.
O Nobel relata em sua autobiografia no site do prêmio
que chegou a prestar curso de engenharia química, mas foi convencido pela
Faculdade de Carnegie a mudar para o campo da matemática, área na qual excedia
desde os tempos do colégio. "Eles me explicaram que não era quase impossível
ter uma boa carreira em matemática nos EUA", escreve Nash.
Foi na época da faculdade que ele começou a desenvolver
suas ideias em teoria dos jogos não cooperativos e a matemática por trás do
processo de decisão, conhecida como equilíbrio de Nash, que lhe rendeu o prêmio
máximo da economia junto a John C. Harsanyi e Reinhard Selten, em 1994. A
teoria, publicada pela primeira vez em 1950, forneceu uma ferramenta matemática
para analisar situações competitivas e foi aplicada não só a economia, mas
ciências sociais e biologia.
Matemático tido como um dos mais brilhantes do século
20, Nash se dedicou aos mais difíceis problemas de seu campo, com um pensamento
original. Outra de suas grandes descobertas foi na área de geometria
diferencial, na qual solucionou um problema derivado do trabalho de um
matemático do século 19, G.F.B. Riemann.
Ele passou pelas mais prestigiosas universidades
americanas, como o MIT, onde conheceu Alicia, aluna de física nascida em El
Salvador com quem se casaria em 1956.
Três anos depois, a vida de Nash mudou completamente.
Em 1959, ele foi diagnosticado com esquizofrenia paranoica no que o próprio
Nash classifica como "a época da minha mudança do pensamento científico
racional para o pensamento delirante característico das pessoas psiquiatricamente
diagnosticadas [com a doença]".
Ele conta os primeiros sintomas surgiram no começo
daquele ano, quando Alicia estava grávida de John Charles Martin Nash, único
filho do casal. Nash então abriu mão de seu cargo no MIT e, após 50 dias
internado em um hospital sob observação, viajou para a Europa "para tentar
ganhar status de refugiado".
O matemático conta que, de volta a Nova Jersey, passou
diversos períodos, que chegavam de cinco a até oito meses, em hospitais do
Estado, sempre internado contra sua vontade.
Após o longo tratamento, Nash conseguiu controlar os
sintomas da doença e retomar a carreira de pesquisador em matemática,
alcançando conquistas importantes, incluindo solução de problemas tidos, até
então, como insolúveis na área.
No fim dos anos 60, conta o matemático, ele voltou a
sofrer com os sintomas delirantes da esquizofrenia, mas de forma não tão
intensa, o que permitiu que evitasse as internações. Ele relata que lutou para
combater o pensamento esquizofrênico para que pudesse focar na racionalidade de
seu trabalho científico.
Nash e Alicia encabeçaram diversas campanha de
conscientização sobre a doença.
NOS CINEMAS
Sua vida, principalmente a batalha contra a
esquizofrenia e paranoia, foi retratada por Russell Crowe no drama de 2001
"Uma Mente Brilhante", que ganhou quatro Oscars, incluindo o de
melhor filme.
O ator lamentou a morte de Nash em seu perfil no
Twitter. "Chocado... Meu coração está com John, Alicia e a família. Uma
parceria incrível. Belas mentes, belos corações", escreveu.
Os Nash viviam em Princeton, em Nova Jersey, onde Nash
era pesquisador na área de matemática da prestigiosa Universidade de Princeton.
O presidente da entidade afirmou que "as conquistas memoráveis" de
Nash inspiraram gerações de matemáticos, economistas e cientistas, inspirados
por seu trabalho "brilhante" em teoria dos jogos.
Christopher Eisgruber disse ainda que a história de
Nash e Alicia "tocaram milhões de leitores e telespectadores que se
encantaram com sua coragem diante de desafios tão grandes".
Nash e Louis Nirenberg receberam em 25 de março passado
o prêmio Abel de Matemática por seu trabalho em equações diferenciais parciais.
Nenhum comentário:
Postar um comentário