Comparação das médias das escolas de acordo com seu nível socioeconômico.
Ana Carolina Moreno Do G1, em São Paulo
As notas do Exame Nacional do Ensino
Médio (Enem) mostram que o rendimento acadêmico está diretamente relacionado ao
nível socioeconômico dos estudantes. Segundo as notas do Enem 2013 por escola,
divulgadas pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio
Teixeira (Inep) segunda-feira (22), 97,6% das 500 maiores médias nas provas
objetivas do Enem estão nas escolas com nível socioeconômico alto ou muito alto (veja no gráfico abaixo). Para
se ter uma ideia, a escola com maior média entre as de nível socioeconômico
muito baixo ficou na posição de número 11.004, de um total de 14.715 escolas
listadas.
Os dados trazem as médias dos alunos
de cada escola em cada uma das quatro provas objetivas (ciências da natureza,
ciências humanas, linguagens e matemática), e também na redação.Só foram
consideradas na lista do Inep as escolas em que pelo menos 50% de seus alunos
do terceiro ano do ensino médio participaram do Enem 2013.
Neste ano, o Inep incluiu na
divulgação, pela primeira vez, do índice que mede o nível socioeconômico das
famílias dos alunos de cada escola. O governo federal divide os alunos e as
escolas de acordo com sete níveis socioeconômicos diferentes. No Enem 2013,
1.471 escolas estavam no nível muito alto e 71 ficaram no nível muito baixo –
são as das comunidades mais empobrecidades do país
Condição
socioeconômica influencia
Francisco Soares, presidente do Inep
e um dos idealizadores desse índice, explica que o aprendizado do estudante é
influenciado pela condição social e econômica de sua família porque ela faz com
que ele chegue à sala de aula mais preparado.
"Os jovens trazem mais ou menos
de casa, [de acordo com esse nível socioeconômico]. As escolas que selecionam
[alunos segundo o nível socioeconômico] têm alunado mais fácil e obtêm
resultado não só por causa delas. As escolas que estão trabalhando com alunos
que trazem pouco em casa precisam de um esforço maior", disse ele ao G1.
Ernesto Martins Faria, coordenador de
projetos da Fundação Lemann, organização não-governamental que trabalha com
educação, afirma que, "apesar de ser uma forma que ajuda a contextualizar,
é importante que o nível socioeconômico não gere baixas expectativas em relação
aos alunos de família de mais baixa renda". Segundo ele, "é
importante que as escolas que atendem a esses alunos recebam mais suporte, dado
que esses alunos muitas vezes já chegam no ensino fundamental com defasagem de
vocabulário e de habilidades cognitivas".
Margem de
desempenho
Esse esforço se reflete na lista das
notas do Enem 2013 divulgada nesta segunda. Segundo levantamento feito pelo G1 com base no cruzamento de dados entre
as notas do Enem 2013 e o nível socioeconômico de cada escola, a média das
provas objetivas das escolas que reúnem os alunos mais ricos foi 36,4% mais
alta que a das escolas com o nível socioeconômico mais baixo do Brasil. A
diferença foi de 159,63 entre a média nas escolas mais ricas e das mais pobres.
Já a variação na média da prova de
redação chegou a 56% em favor das escolas com nível socioeconômico muito alto,
uma diferença de 231,92 pontos.
A discrepância também reflete a
estrutura do sistema educacional brasileiro: Enquanto as escolas privadas
representam 43,5% na lista total divulgada pelo Inep, elas são 99,2% do grupo
de escolas de nível socioeconômico muito alto.
Só 12 escolas deste nível são
públicas: cinco são colégios militares; três colégios estão vinculados a
universidades estudais ou federais; duas são escolas técnicas; uma está ligada
a uma fundação, e um colégio é municipal.
"Os melhores alunos das escolas
públicas muitas vezes são os mais favorecidos socialmente, e essa discussão
precisa ser colocada", defende Faria, da Fundação Lemann.
Segundo ele, a maioria das escolas
públicas que se destacam nesse tipo de ranking acabam promovendo alguma seleção
de alunos. "Podemos perceber que o nível socioeconômico dos alunos das
escolas que selecionam é alto, independentemente de onde foi feita a seleção",
explicou ele. "A escola precisa buscar o aprendizado de todos, inclusive
dos alunos que têm condições socioeconômicas mais desfavoráveis."
Exceção
Na lista de 14.715 escolas, porém, é possível encontrar colégios que se
destacam no nível socioeconômico muito baixo. A escola de ensino médio DE
Aiuaba, na cidade cearense de Aiuaba, por exemplo, teve média aritmética de
474,32, considerando as provas objetivas. Apesar de ter ficado na 11.004ª
posição na listagem geral, sua média foi mais alta que a média das escolas de
nível socioeconômico médio baixo.
Na média da prova de redação, a Unidade Escolar
Luiz Ubiraci de Carvalho, escola estadual de Vila Nova do Piauí, teve média de
518,26, mais de 110 pontos acima da média no seu nível, mas também mais
alta que todas as 3.376 escolas de nível socioeconômico médio, que tiveram
média de 500,75.
A escola piauiense ficou menos de 20 pontos atrás
da média das 3.826 escolas de nível médio alto no Brasil (537,77).
Fonte: G1-Educação
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