Asteroide
com anéis
Uma
equipe internacional, incluindo vários astrônomos brasileiros, descobriu anéis
em um corpo celeste do tipo centauro, pequenos objetos que giram ao redor do
Sol em órbitas instáveis, atravessando as órbitas dos planetas.
O
objeto, denominado Chariklo Centauro, ou 10199 Chariklo, está situado entre as
órbitas de Saturno e Urano, e tem dois anéis, distantes cerca de 9 quilômetros
um do outro.
O artigo
descrevendo a descoberta é assinado por 62 astrônomos, sendo 11 brasileiros,
dos quais cinco trabalham no Observatório Nacional (ON).
"Não
estávamos à procura de anéis, nem pensávamos que pequenos corpos como o
Chariklo os poderiam ter, por isso esta descoberta - e a quantidade
extraordinária de detalhes que obtivemos do sistema - foi para nós uma grande
surpresa," disse Felipe Braga-Ribas, do ON, que é o primeiro autor do
trabalho.
Os anéis foram
batizados por Felipe como Oiapoque, o mais largo, e Chuí, o mais estreito, mas
a confirmação dos nomes depende de aprovação pela União Astronômica
Internacional (IAU).
Formação da Lua
A descoberta põe
por terra a tese que vigorava até então de que somente planetas gigantes, como
Júpiter, Saturno, Urano e Netuno, teriam anéis.
Os astrônomos vão
se dedicar agora a tentar explicar como isso ocorreu, porque o mecanismo de
formação de anéis que a astronomia propõe hoje está ligado a planetas gigantes.
Chariklo Centauro,
por sua vez é um objeto pequeno, com um diâmetro de apenas 250 quilômetros.
A maior dúvida é
como um corpo celeste tão pequeno - e, portanto, com uma gravidade muito fraca
- pode capturar e manter o material que forma os anéis.
Embora muitas
questões permaneçam ainda sem resposta, os astrônomos acreditam que este tipo
de anel deve ter-se formado a partir dos restos deixados depois de uma colisão.
Os restos teriam ficado confinados como dois estreitos anéis devido à presença
de pequenos satélites.
"Por isso,
além dos anéis, é provável que Chariklo tenha também pelo menos um pequeno
satélite à espera de ser descoberto," acrescentou Felipe.
Por outro lado, os
anéis poderão no futuro dar origem à formação de um pequeno satélite. Tal
sequência de eventos, em uma escala muito maior, pode explicar a formação da
nossa própria Lua nos primeiros dias do Sistema Solar, assim como a origem de
muitos outros satélites em órbita de planetas e asteroides.
Centauros
Todos os objetos
que orbitam em torno do Sol e que são muito pequenos, ou seja, que não possuem
massa suficiente para que a sua própria gravidade lhes dê uma forma
praticamente esférica, são definidos pela IAU como sendo "corpos menores
do Sistema Solar".
Esta classe inclui
atualmente a maioria dos asteroides do Sistema Solar, os objetos próximos da
Terra, os asteroides troianos de Marte e Júpiter, a maioria dos Centauros, a
maioria dos objetos Trans-Netunianos e os cometas. Informalmente, os termos
asteroide e corpo menor são frequentemente usados para indicar a mesma coisa.
Chariklo é o maior
membro conhecido da classe dos Centauros, que orbitam o Sol entre Saturno e
Urano.
Bibliografia:
A ring system detected around the Centaur (10199) Chariklo
F. Braga-Ribas et al.
NatureVol.: PublisheO038/nature13155
A ring system detected around the Centaur (10199) Chariklo
F. Braga-Ribas et al.
NatureVol.: PublisheO038/nature13155
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